sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Morimundo













Na estranheza familiar da narrativa, talvez de loucura rejeitada pelos sentidos ou dos sonhos que não me invadem, as minhas amigas são as folhas brancas de papel. Brancas e puras virgens que eu mancho com meus suplícios. Tudo que me dão é aquilo que erradicam de mim e na sua pureza não se esculpe a crueldade.
Brevemente morrerei e é tempo de aliviar minha alma de acontecimentos aterrorizantes. Estes, que me torturam e aniquilam. O horror desprovido de explicações. Fantasmas de inteligência excitável, talvez menos terríveis que grotescos, na sucessão de causa e efeito. Espíritos fantasiosos na troca de palavras, buscando a cura altruísta quando palavras profanas escorrem de lábios doces, no exorcismo do flagelo e na dissolução demoníaca. Descendo os caminhos infinitos do amor incondicional e oferecendo a vulnerabilidade em bandejas de prata. A sucessão de causa e efeito num mundo sem sabores. Na fuga ao infortúnio, o fastio da estagnação nos passos em solo divino. A paz para além das chamas mundanas que envenenam os bosques. E gritando o ódio ao mundo, ouvir ecoar o amor dissimulado implícito. Matar e morrer na cobiça inconsciente para renascer uma vez mais.

Tatiana Pereira

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