Na estranheza familiar da narrativa, talvez de loucura rejeitada pelos sentidos ou dos sonhos que não me invadem, as minhas amigas são as folhas brancas de papel. Brancas e puras virgens que eu mancho com meus suplícios. Tudo que me dão é aquilo que erradicam de mim e na sua pureza não se esculpe a crueldade.
Brevemente morrerei e é tempo de aliviar minha alma de acontecimentos aterrorizantes. Estes, que me torturam e aniquilam. O horror desprovido de explicações. Fantasmas de inteligência excitável, talvez menos terríveis que grotescos, na sucessão de causa e efeito. Espíritos fantasiosos na troca de palavras, buscando a cura altruísta quando palavras profanas escorrem de lábios doces, no exorcismo do flagelo e na dissolução demoníaca. Descendo os caminhos infinitos do amor incondicional e oferecendo a vulnerabilidade em bandejas de prata. A sucessão de causa e efeito num mundo sem sabores. Na fuga ao infortúnio, o fastio da estagnação nos passos em solo divino. A paz para além das chamas mundanas que envenenam os bosques. E gritando o ódio ao mundo, ouvir ecoar o amor dissimulado implícito. Matar e morrer na cobiça inconsciente para renascer uma vez mais.
Tatiana Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário