sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Epitáfio















Seu silêncio, eterno…
Na boca seca de palavras;
No meu peito o Inferno
De sua face em lágrimas

O descanso aparente
(Na ausência do pestanejo)
Choro aos céus em tom clemente
Na minha dor, o último beijo

Da tez branca e saudade negra
Faço da inércia a minha regra;
E de olhos turvos, varrendo o chão
(Finjo que não vejo) tocando-lhe a mão
O lamurioso tumulto e rude gracejo

Aquilo que não lhe direi
(Pois não disse enquanto podia)
Quanto o estimei e amei …
- Nos meus lábios morreu -
No momento em que perecceu

Não mais verá o Sol raiar
No céu azul de cada dia;
Ou a clarabóia lunar
Que a noite infinda alumia

Seu corpo entre outros se deita
(A dor dos vivos conhecia)
O mistério dos mortos o espreita

Seu espírito permanece
(Para além de tudo o que seja dito)
No sal aquoso de quem não esquece
E que o acompanha ao infinito.

Tatiana Pereira

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